NAVALHA OBLÍQUA NUM BECO SEM SAÍDA - Em nove sílabas métricas
É tão crua esta oblíqua navalha
Que apunhala os sentidos da gente,
É tão suja, é tão vil que não falha;
Assassina e… disfarça, inocente!
Se debalde lhe foge a canalha
Que afinal lhe foi sempre indiferente,
Ela fixa, encurrala e estraçalha
Cada um dos que em fuga pressente.
Mas que importa a navalha cruenta
De um poder que nos quer degolar
Se outra força imperiosa argumenta
Numa voz que até mortos sustenta
Pr`a dizer que é morrer ou lutar
E, à navalha, nem sangue a contenta?
Maria João Brito de Sousa – 22.11.2012 – 01.48h
IMAGEM - The Charnel House - Pablo Picasso 1944/45