ADEUS, MAMÃ!
ADEUS, MAMÃ!
*
Transformo a minha dor em dor nenhuma
Se recordo o menino que gerei
E as coisas que jamais aceitarei
Dissolvem-se no ar feitas em espuma...
*
Num vão peculiar do meu sentir,
Arrumada a miragem, com carinho,
Lá fica o meu menino deitadinho
Num berço de memórias, a dormir
*
Agora é o poema quem comigo
Passeia de mãos dadas, desce à rua,
Dorme na minha cama e, de manhã,
*
Me vem chamar para brincar consigo...
Mas, mal acorde a noite e nasça a lua,
É quem me diz num beijo; - Adeus, mamã!
*
Maria João Brito de Sousa – 2007
(Reformulado)
In, Poeta Porque Deus Quer, Autores Editora, 2008
NOTA – Mais um daqueles sonetos que reformulei com alguma relutância e o mínimo possível, muito embora tivesse, no seu original, uma enorme falha métrica – doze sílabas poéticas no verso final - que teria sido facilmente evitável, não fosse faltar-me a prática que só todos estes anos a trabalhar o soneto clássico me viriam a trazer.