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Out22
ASAS DE AREIA - Reedição
Maria João Brito de Sousa
ASAS DE AREIA
*
Dos meus antigos sonhos de menina,
Recordo a tempestade dos sentidos
A fustigar-me o corpo, em tempos idos,
Como se amor nascera em cada esquina
*
Por ti fui, na verdade, peregrina,
Cobri-me de paixão, vesti vestidos
Que prometiam gozos desmedidos
A essa minha essência feminina
*
Enredada na teia que teci,
Tentei perder-me em ti, fiz-me sereia,
Ou Ícaro-mulher ardendo em brasas
*
E ao tombar na praia é que entendi
Que as asas que moldara eram da areia
Com que as penas se moldam. Nunca as asas.
*
Mª João Brito de Sousa
03.03.08 - 07.05h
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