A ARCA DE FERRO
(Soneto em verso hendecassilábico e rima encadeada)
Fecharam-me um dia numa arca de espantos;
Roubaram-me, uns tantos, fortuna, alegria,
Quanto eu possuía de força e de encantos
Deixando-me os mantos com que me cobria,
Quando eu mal sabia da dor, dos quebrantos,
Dos sábios, dos santos, do frio que faria...
Alguma energia, contida entre prantos,
Me ergueu desses cantos que eu desconhecia
E, aos poucos, fui vendo que essa arca de ferro
Era um simples erro e... de erros, entendo!
Lá fui aprendendo com erro após erro...
Nessa arca me encerro mas, dela nascendo,
Ouve-se, em crescendo, um protesto, um berro
E os dentes que cerro, rangendo, rangendo...
Maria João Brito de Sousa – 17.11.2017 – 13.20h