Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores.
...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
Chegando ao Ararate, Amor e Dor, Sentaram-se, cansados da jornada. Olhando o Monte, a Dor ficou sarada E, de contente, quis curar Amor; *
Repara, Amor, que estava bem pior Antes de iniciar a caminhada, Que olhei o Monte e foi-se-me a pontada, Que sinto despontar força e vigor! *
Vem ver, para que o mal nunca te chegue, Para que a praga, ao ver-te, se te negue, E não possa haver peste que te mate! *
Ouviu-a, Amor. Olhou. Perdeu-se olhando. Voltou sozinha Dor, de dor chorando Por se perder de Amor no Ararate. *
Maria João Brito de Sousa – 10.05.2018
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AMOR E DOR II. *
Amor e Dor, brincando se entre-chocam E enredam-se num fio que acaba em nó... Até então Amor vivera só E Dor, lá nas lonjuras que se evocam. *
Moram juntos agora e, mal se tocam, Sentem um pelo outro um mesmo dó; Amor, que era imortal, desfaz-se em pó E Dor sucumbe à dor que os nós provocam. *
Nesta paradoxal (des)união, Sente Amor, pela Dor, tal compaixão, Que cega, pra não vê-la sucumbir *
E Dor, que vendo Amor, o julga são, Mais se enreda nos nós, mais sem perdão Se obriga a não deixar Amor partir. *
Maria João Brito de Sousa – 13.05.2018 – 09.27h ***
AMOR E DOR - Epílogo *
Pra rematar a saga, Amor consente Tomar Dor por esposa e companheira E já que sendo ainda inexp`riente, Não sabe o que é passar a vida inteira *
Lado a lado com Dor, que impenitente, Inflige a Amor insónias e canseira; Amor está cego e Dor, sendo inocente, Não pode pressupor ter feito asneira. *
Deu-se este enlace em tempos tão remotos Que nem posso evocar que estranhos votos Uniram para sempre este casal, *
Mas garanto que afirmam ser felizes, Que deram fruto, tiveram petizes E se amam. Para o bem e para o mal! *
Maria João Brito de Sousa – 14.05.2018 – 11.15h ***
In "... Até a Neve Chorará Num Dia Quente...", Euedito, 2018