A MÃO QUE O VERSO CRIA
A MÃO QUE O VERSO CRIA
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(Em verso alexandrino com rima encadeada)
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Vem quase tudo quando um nada já me chega
Disto que não se nega e cresce em descomando
De encantos se encantando ao ver-me assim tão cega
Que bem mais se me apega assim que, cega, abrando.
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Disto me vou queixando aquando mal sossega
A mão que tudo agrega e que me vai faltando
Quando mais precisando estou da mão que entrega
Que, hoje, tudo delega até sei lá eu quando...
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Um nada sobraria e tudo, de uma vez,
Sem comos nem porquês caindo à revelia
Do que ela escandiria ao compasso de um mês,
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Parece-me, talvez, pedir em demasia...
Mas quem impediria o verso, um descortês,
De aninhar-se onde o fez a mão que o verso cria?
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Maria João Brito de Sousa – 13.07.2018 – 13.11h
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