SÁBADO, DOMINGO E TERÇA FEIRA II
PROMESSA
…e, agora, explica lá que mundo é este?
Que mundo é este que me tem cativa,
Que promete justiça e que me priva
Do que em mim é melhor, porque mo deste?
De aonde vim se sei bem ser celeste?
Dessoutro mundo etéreo em que, lasciva,
Decidi experimentar a alternativa
E me entregaste, então, à vida agreste?
Pois bem… cumpra-se, então, tua vontade!
Sei que esta escolha é, na verdade, minha
Embora esta memória me atraiçoe…
Viverei com tão grande intensidade
Que a vida há-de ser sempre uma adivinha
Por onde a minha voz, desperta, ecoe!
OS DIAS EM QUE O MUNDO É MENOS MUNDO
Há dias em que o mundo é menos mundo
Porque partiu alguém, se esse alguém for
Objecto de um tão grande, imenso amor
Que o torne mais dinâmico e fecundo…
Nesses dias de um luto tão profundo
Que acendem tão intensa, insana dor,
Nem mesmo um madrigal aberto em flor
Poderia tocar-nos lá, tão fundo!
As lágrimas benditas que chorarmos,
Essas humanas fontes da tristeza,
Serão justificadas porque nós
Seremos sempre um pouco do que amarmos!
Possa o mundo – `inda mundo com certeza –
Ouvir, no nosso choro, humana, a voz!
NOUTRO DIA QUALQUER, SE FAZ FAVOR...
Hoje, amanhã, depois ou noutro dia
- qualquer dia nos serve se sonharmos –
Haveremos, decerto, de encontrar-nos
Aonde mais ninguém nos sonharia…
E se isso acontecesse, quem diria
Que nesse mesmo dia, ao pernoitarmos,
Teríamos a sorte de deitar-nos
Num leito que p`ra nós se inventaria?
São puras conjecturas, bem o sei…
Se nem eu própria sei quem me acompanha
Na voz deste poema que aqui escrevo…
Talvez estas palavras que criei
Sejam só p`ra brincar… uma artimanha
P`ra fingir, como os mais, um doce enlevo…
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