04
Mai20
EM SILÊNCIO, MÃE
Maria João Brito de Sousa
EM SILÊNCIO, MÃE
*
Seria sempre tarde ou muito cedo
Pra te tentar dizer o que hoje digo,
Ó minha mãe guardada num segredo
Muito só nosso e por demais antigo.
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Não houve raiva, mãe, nem houve medo,
Nem rebeldia ou sombra de castigo
Mas sendo tão menina fui brinquedo
Que te desafiava e, eu, contigo
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Já não brincava, mãe, que outras estradas
Me chamavam pra novas caminhadas
Que nunca aceitarias. Cedo ou tarde,
*
Tão menos unas, quão menos distantes
Estaríamos, ainda que ignorantes
De de um murmúrio nascer tanto alarde.
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Maria João Brito de Sousa - 03.05.2020 - 13.26h
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(da jovem que fui para a minha então ainda jovem mãe)