26
Abr20
SONETO SEM TÍTULO
Maria João Brito de Sousa
SONETO SEM TÍTULO
ou
NAUFRAGANDO, SEM MAREAR
*
Por que fomes passaste, companheiro
Feito de pó de estrelas como eu?
Que sede insaciável te bebeu
Sonho, sangue e suor do corpo inteiro?
*
Por que alto mastro ou por que chão rasteiro
Passaste a vida que te anoiteceu
Enquanto um velho sonho te prendeu
À pulsão de ir ao mar sem ter veleiro?
*
Assim te vejo. Assim me aconteceu,
Velho ou menino, casado ou solteiro,
Lembrar-te ou inventar-te enquanto réu
*
De imaginário tribunal costeiro,
Entre barcas com velas azul-céu
E ondas moldadas em rodas de oleiro.
*
Maria João Brito de Sousa - 26.04.2020 - 14.25h
Imagem retirada daqui