SONETO EM ABSOLUTO SOLILÓQUIO
(Em decassílabo heróico)
Não sei o que fazer… se ao verbo informe,
Tomada de paixão, tente moldar,
Se negue a sensação sem a esboçar
E a devolva intacta ao que em mim dorme.
A compulsão, porém, tornou-se enorme!
Mais forte do que eu sou, quer-se afirmar
E sinto que não mais se irá vergar
Nem há compensação que, hoje, a conforme
Ou que possa anular-lhe esta vontade
De ir esculpindo uma voz que agora invade
O espaço das mil causas emergentes.
Se o tempo que passou gerou saudade,
Depressa entenderá que esta verdade
Lhe exige gestações bem mais urgentes.
Maria João Brito de Sousa – 23.06.2014 – 18.18h
Imagem - Pintura de Álvaro Cunhal retirada da página do Partido Comunista Português