SONETO DO DESAMOR POSSÍVEL II
SONETO DO DESAMOR POSSÍVEL II
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Galguei altas vagas, sondei-te as entranhas,
E entrei no teu templo. Não me ajoelhei.
Se não mais me queres, se assim me desdenhas,
Também eu te juro que te esquecerei
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Cavaste os abismos e criaste as montanhas
Para que eu subisse. Nunca eu subirei
Tão altas encostas de escarpadas penhas,
Nem aos teus abismos jamais descerei!
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Se sou tão só sombra de ruínas e escombros,
Não sentes o peso que trago nos ombros
E julgas ser pouco o que ergui para ti,
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Verás que também tu estarás, pouco a pouco,
A desvanecer-te até que sobre o oco
Daquilo que foste... Ou daquilo em que eu cri?
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Mª João Brito de Sousa
04.03.2023 - 12.40h
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