18
Out21
SONETO DE "CAVALO-CANSADO"
Maria João Brito de Sousa
SONETO
DE
"CAVALO-CANSADO"
*
Abre, homem, tuas portas e janelas
(é sempre à esquerda que o Sol vai nascer)
Prá luz entrar quando a manhã vier
E o teu portão ranger nas aduelas.
*
O cavalo descansa nas tigelas
Que o fado preservou. Há que o comer
Porque o cultivo, doa a quem doer,
Requer-te força e braços sem mazelas.
*
Vá, repousa uma hora. Talvez menos
Que se não mede o tempo dos pequenos
Por bitola que agrade ao abastado
*
E a lavra espera. Ou rói-te a incerteza
De ter ou não ter pão pra pôr na mesa
Em que o teu filho o clama esfomeado?
*
Maria João Brito de Sousa - 16.10.2021 - 22.00h
Tela de Pablo Picasso (fase azul)