SONETO DA IMATERIALIDADE
"O Campo de Marte" - Marc Chagall
SONETO DA IMATERIALIDADE
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Trago a realidade pela trela
Enquanto ela se escapa e se dissolve
Em tudo o que apareça à frente dela;
Quando se for, quem é que ma devolve?
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Não sei se ela me habita, se estou nela,
Ou se ela é tudo, tudo o que me envolve;
Há sempre, debruçada na janela,
Uma equação que nunca se resolve.
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Tudo flutua agora em meu redor
Na ausência do melhor e do pior,
Na dispersão dos pontos cardeais...
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Trago comigo um grão de realidade
Dissolvido num mar que se me evade
Sempre que tento içar-me até ao cais.
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Maria João Brito de Sousa - 29.10.2021 - 11.30h
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Sonetos da Matrix