SONETO DA ASSUMPÇÃO DA MUSA- Reedição
SONETO DA ASSUMPÇÃO DA MUSA
ou
PEQUENA ARTE DE CONTRADIZER FAMOSOS
ou
APOLOGIA DE UM ATREVIMENTO
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(Em genuíno verso alexandrino)
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Minha Musa rebelde embora talentosa,
Pedir-te que jamais te afastes de quem sou
É qu`rer guardar na mão uma manhã ventosa
Ou qu`rer roubar ao mar o sal que o mar salgou
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Mas se és mera invenção - segundo o Abrunhosa... -
E se só eu te sinto em mim se só não estou
Terei que te negar embora estando ansiosa
Por procurar em ti quanto de mim restou
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Ah, sim, sei que o trabalho é mais do que importante
E que sem trabalhar nada de bom se faz
Mas sem sentir-te em mim de mim fico ignorante
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E escrevo à martelada ou quedo-me incapaz
De escrever tanto quanto o fez o grande Dante
Que nunca me deu mais do que o que tu me dás!
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Mª João Brito de Sousa
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Sorrindo muito, às quinze horas do vigésimo terceiro dia do ano da graça de dois mil e vinte e três.