16
Nov20
SONETO CONTRA-NATURA
Maria João Brito de Sousa
SONETO CONTRA-NATURA
*
Burile-se o soneto qual escultura
Mas só depois de impresso. Quando brota
Deve ser jorro em natural ruptura
Com a extrema prudência que denota.
*
Curto tamanho, pequena estatura
Tem o soneto e escolhe a própria rota
Ainda que ela o leve à sepultura
Rindo de si pra não fazer batota.
*
Mas se em tão curto espaço cabe inteiro
Nem sempre o que contém é tão ligeiro
Quanto o do que hoje trago e que desmente
*
Quanto quero dizer e só desdigo
Na pequenez do pouco que consigo
Grafar letra por letra, lentamente.
*
Maria João Brito de Sousa - 16.11.2020 - 13.59h