SONETO A UMA "CHAMA QUE ARDE SEM SE VER"
SONETO A UMA "CHAMA QUE ARDE SEM SE VER"
*
Quem pode ver amor que arde invisível
se Amor se mostra avesso a definir-se
e se esconde e se mostra intraduzível
no instante em que começa a traduzir-se?
*
Se além, se muito além do que é tangível
pudesse o mesmo amor baixinho ouvir-se
nalgum murmúrio que tornasse audível
o silêncio que deixa ao despedir-se
*
Diríamos que Amor, sendo sensível,
passível de acender-se e consumir-se,
é comburente e chama e combustível...
*
Mas como poderá tanto exigir-se
se para a maioria é impossível
entrar em combustão e não extinguir-se?
*
Maria João Brito de Sousa – 25.06.2015 – 17.16h
*
(Ligeiramente reformulado)
Fotografia de António Pedro Brito de Sousa