09
Out17
SONETO A PRETO E BRANCO
Maria João Brito de Sousa
Escuridão que te exaltas, arrojada,
no sincelo da carne em que me sou,
mesmo quando de meu não tenho nada,
por mais que nada seja o que te dou,
Tens sido sempre a cor da minha estrada
e a noite que os cabelos me enfeitou
quando ao longo da longa caminhada,
nela cresci e o mais me abandonou.
Se és ausência de cor, o que me importa?
Serei da mesma cor, que dizem morta,
mas amo a Vida mais do que ninguém
E afirmo que nenhuma cor conforta
tanto quanto este negro que recorta
palavras sobre o branco que as contém.
Maria João Brito de Sousa – 09.10.2017 – 12.07h