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Jul18
SONETICÍDIO
Maria João Brito de Sousa
SONETICÍDIO
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Diz-me Manoel de Barros que do lixo
Brota tudo o que serve a poesia.
Eu, que poeto e que também sou bicho,
Aplaudo essa ostensiva (alter)grafia.
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Depois, sentada neste meu cochicho,
(sobra-me entulho nesta casa fria)
Observo o ´bric-à-brac` e chego ao nicho
Duma verdade oculta, que eu nem via;
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Sendo mestra em fazer coisa nenhuma,
Rainha dos coxins de sumaúma
E artesã do que houver de mais inútil,
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Dedico-me à palavra. Uma por uma,
Rejeito as que não tenham peso-pluma
E rasgo as de aparência menos fútil.
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Maria João Brito de Sousa – 14.07.2018 -18.44h