13
Jul18
SOMBREADO A GIZ
Maria João Brito de Sousa
SOMBREADO A GIZ
*
Pus-te as malas à porta. Fiquei nua
Na fria solidão do hall de entrada
Quando, nu, caminhaste pela estrada
Que se estendia além da nossa rua.
*
Lá longe, um barco velho, uma falua
Desfeita em claridade enevoada,
Compunha aquela tela inusitada
Prolongando uma sombra, que era a tua.
*
Alguém pintou o quadro. Eu nunca o fiz.
Destes traços serei mero aprendiz,
Que noutros fui esboçando o que encontrava
*
Nas águas do que quis, quando o não quis.
Larguei o lápis, sombreando a giz
As sombras que outra barca projectava.
Maria João Brito de Sousa – 12.07.2018 – 12.33h