SILÊNCIO II
SILÊNCIO II
*
Silêncio! Nem protestos nem queixumes
Soltam os versos mortos insepultos;
Perdem-se nos desertos dos ocultos
As aves desgarradas, quando implumes.
*
Não há escudos pra espadas de dois gumes
Nem há contra-veneno para insultos
E o meu silêncio nunca paga indultos
Nem serve a desistência em que o presumes
*
Arranco um verso ao prazo ultrapassado
De um mísero estertor dos meus sentidos
Que a ferro e fogo foi reconquistado
*
E já perdi a conta aos que, perdidos,
Deixei ficar pra trás... Ah, naufragado,
No teu silêncio afogo os meus gemidos!
*
Maria João Brito de Sousa - 25.07.2021 - 13.22h
*
Fotografia de António de Sousa, meu avô poeta
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_de_Sousa_(poeta)