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Jun23
DESLEIXO - Reedição
Maria João Brito de Sousa
DESLEIXO
*
Soneto que me nasça por favor,
sem essa rebeldia indefinível
dos versos que se esculpem por amor
na sequência de urgência irreprimível
*
Bem pode ostentar forma e ter rigor,
Porém não terá "garra", essa indizível,
que o tempera, o reforça, dá vigor
e é, no fundo, o que o torna irrepetível
*
Mas que posso fazer contra a vontade,
transformada em rotina involuntária
que me exige um soneto? Aqui o deixo,
*
Sabendo que ajo mal pois, na verdade,
por capricho tornei-me, a mim, contrária
e em vez de excelência urdi desleixo!
*
Maria João Brito de Sousa
17.06.2010 – 09.26h
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