SEDE(S)
Eu, fotografada em 1972
SEDE(S)
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"Encontraste-me um dia no caminho"
Que eu fazia sozinho, em desencanto;
Não te esperava nem esperava tanto
De um desencanto assim, tão comezinho...
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Foi então que deixei de estar sozinho
Neste caminho em que floresce o espanto
E em que utrapasso a dor e o quebranto
Sempre que assumo um passo mais asinho
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Deste-me a mão, sondaste de mansinho
A vulnerab`lidade do meu manto
De sede ardente e do mais puro linho
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E tanta sede em ti sentiste, quanto
Em mim secara, por inteiro, o vinho;
"Tivemos de beber do mesmo pranto"
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Maria João Brito de Sousa - 21.03.2021 - 13.17h
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Entre aspas, versos de Camilo Pessanha
Soneto criado para uma rubrica do Horizontes da Poesia