SE ME FOR DADO CRER - Reedição
Imagem gerada pelo Chat-GPT
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SE ME FOR DADO CRER
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Se me for dado crer, que seja assim que creia:
Que a dor que me cerceia esta ânsia de viver
Me não deite a perder o fio de cada ideia,
Que me não falte à ceia o pão para comer
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E que enquanto viver, embora gasta e feia,
Castelos sobre a areia alcance ainda erguer
Nos quais me recolher a cada maré cheia
Do mar quando se alteia em vagas, a crescer
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Caso assim possa ser, que quanto me rodeia
Me seduz e me enleia enquanto eu cá estiver,
Não pare de acender a luz que me norteia
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E que não seque a veia, a tal que ousou tecer
No tear do dever, a rubra, imensa teia
Que no meu estro ondeia enquanto escolha houver.
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Maria João Brito de Sousa
14.06.2020
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Soneto em verso alexandrino e rima entrançada
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