02
Mai21
QUIMERA II
Maria João Brito de Sousa
QUIMERA
*
Proíbo-vos de olhar-me de outra forma
Que não a da franqueza. Sou escultura
Horrenda de aparência, criatura
Que em tudo, ou quase tudo, nega a norma
*
E que plasticamente se deforma
Antecipando, em vida, a sepultura;
Enchi de golpes que ninguém sutura
Buracos negros dos quais ninguém torna
*
E se amo ainda - disso não duvidem! -
Ninguém pode entender como ou porquê
Pode a quimera amar quantos a agridem,
*
Procurar entendê-los e até
Inda ter dó de quantos a olvidem
Ou a suponham à sua mercê.
*
Maria João Brito de Sousa - 02.05.2021- 10.02h