QUE TEJO?
(Soneto em decassílabo heróico)
A tarde era de sol, mas eu tremia
E recordava as ondas altaneiras
Deste meu Tejo que, em maré vazia,
Só me evoca a estiagem das ribeiras
O novo tempo a todos desafia
De formas tantas e de tais maneiras
Que até o próprio Tejo se arrepia
E veste espuma tóxica e poeiras.
Dessa água, nenhum bicho irá beber
E os peixes mortos boiam como toros
Num leito onde mais nada irá nascer
Porque exala venenos pelos poros;
Que triste rio me irá sobreviver?
Um Tejo assim, sem fauna, flora ou esporos?
Maria João Brito de Sousa – 23.02.2018 – 18.02h
NOTA(S)–
a)Não tenho sabido da evolução da situação de poluição da bacia hidrográfica do Tejo, mas espero que alguma coisa esteja a ser feita... e bem feita.
b)Este soneto nasceu na sequência da leitura de um soneto da MEA - “Era Tarde de Sol em Tarde Fria”