QUE MAL, SE ME ALIVIA?
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QUE MAL, SE ME ALIVIA?
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Ao fundo há um rapaz que canta, canta, canta,
E me embala e me encanta até que fique em paz
Com quanto vem atrás. Não, não sou essa santa
Que sempre se suplanta e de tudo é capaz
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Sou a que a lhe subjaz e, às vezes, pinta a manta:
Transmuto-me e sou planta assim que Amor me traz
Num pequeno cabaz, um não sei quê que espanta
Por ser tão pouca - ou tanta? - a visão que me apraz...
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Talvez seja incapaz, talvez seja excessiva
Mas se aspiro a estar viva e alcanço um novo dia,
Presumo que a avaria ou mesmo a recidiva
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Destrua esta cativa e assuma que a recria...
Que importa se utopia ou céu que se me esquiva,
Ou louca, ou fugitiva... que Mal, se me alivia?
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Mª João Brito de Sousa
22.12.2024 - 23.45h
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Soneto em verso alexandrino com rima duplamente entrançada