PERMANÊNCIAS
Atrás das pegadas, sigo passo a passo,
Negando o cansaço, sem horas marcadas,
Nem rotas pensadas, pisando o sargaço,
Meu rasto e meu traço nessas caminhadas
Das tardes passadas. Do que já não faço,
No tempo e no espaço, restam, recordadas,
Todas as passadas de umas pernas de aço,
Pedaço a pedaço, velhas, desgastadas.
Olho o mar distante. Mudou de lugar
E veio morar, líquido, exuberante,
No poema errante que estou a criar.
Quem o procurar, não crê que o gigante
Fique um só um instante onde o instalar,
Mas dou espaço ao mar se acuar em vazante.
Maria João Brito de Sousa -13.04.2018 – 20.13h
Na sequência do soneto "Ausências", de MEA