Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

poetaporkedeusker

poetaporkedeusker

UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
15
Mar21

PASSA A ÁGUA - Coroa de Sonetos

Maria João Brito de Sousa

passa a água.jpg

PASSA A ÁGUA

*
Coroa de Sonetos
*

Custódio Montes e Maria João Brito de Sousa

1.

*
Nas pedras passa a água a correr

Eu olho para ela devagar

Há gente junto ao rio a passear

Daqui sobre a ponte estou a ver
*


Nas margens há um verde a aparecer

Junto a uma casa um pomar

Com flores bem bonitas a brotar

Um branco um cor de rosa ...que prazer
*

Às vezes aparece um paraíso

Uma flor, uma imagem, um sorriso

Que dá tanto prazer e alegria.
*

Que a gente esquece a dor que às vezes sente

Remoça por momentos de repente

E vê em cada coisa poesia
*

Custódio Montes
*
13.3.2021
*

2.

*
"E vê em cada coisa poesia"

E sente em cada pedra em que se sente

Um coração pulsar pausadamente,

Tal qual vivesse a pedra, por magia...
*


Passa a água entoando a melodia

De um tema já esquecido mas presente

E passa a melodia pela gente

Como uma suave mão que acaricia...
*

 

Lá, nesse paraíso que descreve

Como se fosse mais que um sonho breve,

O dia pára tonto, embevecido,
*

 

E de um segundo faz-se eternidade;

Onde se erga esse templo sem idade,

Ajoelha-se o Tempo, a nós rendido.
*

 

Maria João Brito de Sousa - 14.03.2021 - 00.00h

*

3.
*

“Ajoelha-se o Tempo, a nós rendido”

Com cores, movimentos, um bailar

Da natureza em festa e o nosso olhar

Alegre e a sentir-se envaidecido
*

O rio transparente e agradecido

Entoa uma canção e esse cantar

Afaga as suas margens ao passar

Realça mais o verde colorido
*

A alma engrandece de alegria

À volta tudo encanta e a poesia

Envolve o nosso olhar e o nosso ser
*

Parece até mudarem-se os papéis

Em festa a natureza, nós os reis

Aos pés o nosso reino a agradecer
*

Custódio Montes

(14.3.2021)
*

4.
*

"Aos pés o nosso reino a agradecer"

Enquanto nós, rendidos, nos prostramos

Sabendo bem que jamais fomos amos

Nem mesmo do poema que nascer
*


Pois talvez o fiquemos a dever

À natureza que aqui contemplamos

Já que somos irmãos da flor, dos ramos

E amados filhos da raiz do Ser...
*


Seremos tudo e nada, por momentos;

Símbolos pontuais dos elementos,

Feitos de carne e osso e sonho e espanto
*


Qu` embalados pl`a musa dos sentidos,

Aos poucos vamos sendo convertidos

À adoração do seu perfeito manto.
*


Maria João Brito de Sousa - 14.03.2021 - 09.43h

***

5.
*

“À adoração do seu perfeito manto”

Que andamos neste tempo a contemplar

O sol a flor a água a marulhar

E tudo ao redor que é um encanto
*

O monte a engalanar-se e em cada canto

Sentimos alegria a germinar

Connosco a natureza par a par

Irmã ao pé de mim que amo tanto
*

Às vezes imagina que a beleza

Rodeia o nosso corpo e a natureza

É nossa mãe e em si nos faz nascer
*

E penso que sou árvore a sair

Lá das suas entranhas e a sorrir

Com a eternidade a acontecer
*

Custódio Montes

(14.3.2021)
***

6.
*

"Com a eternidade a acontecer"

Ali ficamos nós, meros mortais,

Sincronizados átomos, banais

Formulações da vida quando quer
*


Moldar-se em homem, esculpir-se em mulher

Pra com eles ascender aos ideias,

Pois tanto pode a Vida e muito mais

Que o pouco que julgamos, nós, saber...
*


Passa a água nas pedras do ribeiro;

Foi ela o nosso berço, o som primeiro,

Que se foi replicando em força e vida.
*


Tudo vem de uma eterna construção;

Mesmo a poesia é pura evolução

Multiplicada, enquanto dividida...
*


Maria João Brito de Sousa - 14.03.2021 - 11.11h
***

7.
*

“Multiplicada, enquanto dividida

Mas num élan maior se conjugada

A vida é bela então se irmanada

Que sem conjugação é mal vivida
*

O amor bem como a luta sempre erguida

Em prol da natureza tão amada

Aumenta o amor da gente nesta estrada

Agreste mas também muito florida
*

Irmã é sempre irmã para beijar

E para ter connosco e acompanhar

A cada tempo e hora com magia
*

A irmandade chega à natureza

Afagamos-lhe a alma e a beleza

E juntos lhe cantamos poesia
*

Custódio Montes

(14.3.2022)
***

8.
*

"E juntos lhe cantamos poesia"

Já que por ela fomos concebidos

E dela somos frutos prometidos

Ao compromisso de quem gesta e cria.
*


Passaremos, também, num qualquer dia,

Mas teremos, então, sido cumpridos

Não só no palco fértil dos sentidos,

Mas também nestes vôos da harmonia
*


Quando, em poemas vindos das entranhas,

Subimos montes, escalamos montanhas,

Numa vertigem que nos liga ao todo
*


E não paramos nem pra descansar;

Só na vertigem podemos criar

Pois não sabemos ser de um outro modo
*


Maria João Brito de Sousa - 14.03.2021 - 12.30h
***

9.
*

“Pois não sabemos ser de outro modo”

Que somos o que somos nada mais

Sem termos preconceitos doutorais

E sem pensar que o mundo é nosso todo
*

E deste pensamento à volta rodo

E não avanço aqui nada demais

A gente nunca deve ser jamais

Aquilo que não é nem mesmo engodo
*

Mas ter um sentimento uma paixão

É a forma de mostrarmos gratidão

Que nessa humildade há só grandeza
*

E nada é demais ver e louvar

A alegria de estarmos a cantar

A vida que nos dá a natureza
*

Custódio Montes
*

(14.3.2021)
***

10.
*

"A vida que nos dá a natureza"

Concede-nos paixão, mas não poder

Que esse não sabe nem pode entender

O quanto nos fascina essa beleza
*


Da ribeira que ri e chora e reza

Mas que não pára nunca de correr

Até chegar à foz e se render

Ao grande mar que a espera sem surpresa.
*


Dessa mesma humildade somos feitos

(embora alguns possam julgar-se eleitos)

Pois bem sabemos; tudo tem um fim
*


Mas a paixão, se mal compreendida,

Pode passar por ser intrometida,

Vaidosa, egocentrada... ou coisa assim....
*


Maria João Brito de Sousa - 14.03.2021 - 14.08h
***

11

“Vaidosa, egocêntrica...ou coisa assim”

Mas esta natureza que se canta

Com a paixão que sempre nos encanta

Não pensa desse modo tão ruim
*

Ao cantar-lhe a beleza até ao fim

Não nos pode acusar de forma tanta

Que nos deixe ficar pela garganta

O canto que há nas rosas dum jardim
*

A paixão que mostramos desta forma

É o modo como a gente assim a informa

De como nós gostamos tanto dela
*

Não é intromissão é modo de arte

Para cantá-la assim por toda a parte

Fazendo ressaltar como ela é bela
*

Custódio Montes

(14.3.2021)
*

12.

*

"Fazendo ressaltar como ela é bela"

E como dela nós fazemos parte,

Receio que me falte "engenho e arte"

Pra descrever os mil encantos dela
*

E, ou exagero, ou calo-me, à cautela...

Soubesse eu, natureza, aqui explicar-te

Como é que me é possível tanto amar-te

Sem poder retratar-te sobre tela,
*

Sem jamais ter tentado, no passado,

Reproduzir em tela um rio, um prado,

Ou as plantas que são minhas irmãs...
*


Mas os teus filhos, homens e mulheres,

Pintei como quem pinta mal-me-queres

Sob um sol que se enchia de amanhãs...
*


Maria João Brito de Sousa - 14.03.2021 - 15.40h

***

13
*

“Sob um sol que se enchia de amanhãs”

E ao cantar dessa forma, de certeza

Que o seu canto provém da natureza

E das flores que são nossas irmãs
*

Atrai, a natureza, como imãs

Que atiram para longe esta pobreza

Que rodeia o humano; e a nobreza

Faz-nos fortes, assim como titãs
*

Hoje cantou o rio e a sua água

E foi um dia inteiro sem ter mágoa

Contente e toda cheia de mestria
*

Não seja, minha amiga, tão modesta

Que pôs a natureza toda em festa

E a nós todos bem cheios de alegria
*

Custódio Montez

(14.3.2021)
***

14.
*

"E a nós todos bem cheios de alegria"

Por tão extrema beleza termos visto,

Ou mesmo imaginado. Até do xisto

Brota uma áspera torga, em rebeldia...
*


Rude mas bela, é pura sinfonia

Doce e selvagem em estranho registo;

Quando nela me (a)fundo, não existo,

Não sou nada onde tudo é sinergia!
*


A montanha escarpada, o vale escondido,

A brisa que sussurra ao meu ouvido

Segredos que não mais irei esquecer
*


E enquanto as aves sob o manto azul

Adiam a partida rumo ao Sul,

"Nas pedras passa a água a correr"
*

 

Maria João Brito de Sousa - 14.03.2021 - 17.20h


***

 

12 comentários

Comentar post

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Em livro

DICIONÁRIO DE RIMAS

DICIONÁRIO DE RIMAS

Links

O MEU SEBO LITERÁRIO - Portal CEN

OS MEUS OUTROS BLOGS

SONETÁRIO

OUTROS POETAS

AVSPE

OUTROS POETAS II

AJUDAR O FÁBIO

OUTROS POETAS III

GALERIA DE TELAS

QUINTA DO SOL

COISAS DOCES...

AO SERVIÇO DA PAZ E DA ÉTICA, PELO PLANETA

ANIMAL

PRENDINHAS

EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE POETAS

ESCULTURA

CENTRO PAROQUIAL

NOVA ÁGUIA

CENTRO SOCIAL PAROQUIAL

SABER +

CEM PALAVRAS

TEOLOGIZAR

TEATRO

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2013
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2012
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2011
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2010
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2009
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2008
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D

FÁBRICA DE HISTÓRIAS

Autores Editora

A AUTORA DESTE BLOG NÃO ACEITA, NEM ACEITARÁ NUNCA, O AO90

AO 90? Não, nem obrigada!