O TAL VINTE E CINCO
Fotografia de Eduardo Gageiro
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O TAL VINTE E CINCO
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Aos vinte e cinco foi dia
Quando era de madrugada
E nesse dia a alegria,
Toda a alegria que havia,
Explodiu quando libertada
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Aos vinte e cinco chorou-se
Pelo motivo contrário
Ao que o estado novo trouxe:
Aos vinte e cinco cantou-se,
Sonhou-se um poder operário!
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Tantos mil, fomos vontade,
Que num grito, um grito só,
Saudámos a liberdade,
Todos em pé de igualdade
E a pisar o mesmo pó,
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O pó de todas as ruas
Metro a metro percorridas
Por chaimites, por charruas...
E sonhei, ou vi faluas
Trocar mar por avenidas?
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Aos vinte e cinco, sonhámos,
Aos vinte e cinco sentimos
O sabor do que criámos
E desse dia guardámos
O que hoje não permitimos
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Depois? Depois aprendemos,
Porque, pouquinho a pouquinho,
Percebemos que o que temos
São sobras do que fazemos,
Mas mais ninguém está sozinho,
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Por isso é que sempre urgente
Lutar mais, com mais afinco,
Lutar, tendo bem presente
Que há sempre quem rosne à gente
Que fez o tal vinte e cinco!
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Maria João Brito de Sousa
23.04.2018 – 09.46h
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