O MUNDO NUMA MÃO
O MUNDO NUMA MÃO
*
Debalde me levanto e me preparo
Para abarcar o mundo num abraço
E sem sequer saber porque é que o faço
Ao tentar abraçá-lo é que reparo
*
Que sendo humana ainda me deparo
Com as limitações do gesto escasso
E embora acolha vida no regaço,
Sou apenas mulher e não me é raro
*
Sentir-me aprisionada e pequenina
Num corpo velho, frágil, perecível,
Cujas asas não passam de ilusão
*
Ou mera fantasia de menina...
Ah, só em sonhos me será possível
Guardar inferno e céu numa só mão!
*
Maria João Brito de Sousa
18.01.2008 - 19.23h
***
In Poeta Porque Deus Quer, Autores Editora, 2009
*
Nota - Este soneto foi ligeiramente "retocado" aqui e ali, com excepção do verso final que foi integralmente reformulado.