O LIVRO DA MINHA VIDA
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O LIVRO DA MINHA VIDA
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"Sem se saber contudo como acaba"
Vai-se a vida qual livro desfolhando...
À minha, quatro folhas vão faltando
E nem sei como o resto não desaba
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Se o papel não é pedra de mastaba
E já lhe vão as folhas rareando
Cada vez mais, até ao não sei quando
Em que por fim se fechem capa e aba.
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À minha vida, grafo-a em cativeiro
Sem saber quanta tinta há no tinteiro,
Sem sonhar que fantasma a lê no escuro;
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Ó mortos-vivos deuses do dinheiro,
Se imaginais ter lido o livro inteiro,
Qual de vós adivinha o meu futuro?
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Maria João Brito de Sousa - 12.10.2020 - 15.39h
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Soneto criado a partir do último verso do soneto "A Vida como um Livro"
do poeta Joaquim Sustelo.