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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
07
Jun23

O HOMEM NÃO PENSA NO MEIO AMBIENTE - Custódio Montes e Mª João Brito de Sousa

Maria João Brito de Sousa

O Homem não pensa no meio ambiente.jpg

O HOMEM NÃO PENSA NO MEIO AMBIENTE
*

Coroa de Sonetos

Custódio Montes e Mª João Brito de Sousa
*

1.
*
O homem não pensa no meio ambiente

Anda tresloucado vive a vida a sós

Não faz como outrora, como seus avós

Que no seu conjunto era diferente
*


Cuidavam dos corgos da água corrente

Que corria calma depressa ou veloz

Sem poluição até chegar à foz

Clara e cristalina a brotar da nascente
*

No solo havia plantas a crescer

Nas suas entranhas lesmas, minerais

Lobos e doninhas cobras a correr
*

A ecologia flores animais

O homem vivia sem os ofender

Que os actos de agora sejam tais e quais
*


Custódio Montes

5.6.2023

***

2.
*

"Que os actos de agora sejam tais e quais"

Mas como se agora se apela ao consumo

E se é impossível mudarmos de rumo

Porque todos qu`remos ter mais, mais e mais?
*


Se nesta "aventura", sendo racionais,

Da Terra bebemos o sangue e o sumo

Esquecendo, o sistema, que vamos a prumo

Mordendo o anzol, porque somos mortais...
*


No fundo, no fundo, toda esta armadilha

Nos vai enredando de uma tal maneira

Que só vamos vendo uma estrela que brilha
*


E onde se acendeu uma imensa fogueira

Julgamos estar vendo uma tal maravilha

Que, cegos, marchamos pra morte certeira.
*

 

Mª João Brito de Sousa

06.06.2023- 12.15h
***
3.
*

“Que, cegos, marchamos pra morte certeira”

Sem pensar na vida no bem, no futuro

A ficar o tempo muito mais escuro

Tudo ao desnorte sem eira nem beira
*


São maus os políticos pois usam viseira

Só pensam na massa sem fruto maduro

E com a ganância e o gesto impuro

Só nos seus boys pensam de toda a maneira
*


O mel, as abelhas e a apicultura

Precisam do monte da serra do ar

Eles no dinheiro e só na usura
*


Rebentam as serras, sem nunca pensar

No nosso futuro, sem ter água pura

Sossego, alegria e sem bem-estar
*

Custódio Montes

6.6.2023
***

4.
*

"Sossego, alegria e sem bem estar"

Iremos ficar, que já se adivinha,

Seremos tratados como erva daninha

Quando a nossa terra quisermos salvar
*


Unidos na causa e sem recuar

Um passo que seja dessa nossa linha

A serra, que é vida, não estará sozinha

Enfrentando os muitos que a querem esventrar
*


As mais perigosas, as grandes empresas

Que nunca mediram as consequências

Daquilo que fazem, fazem-se surpresas
*


Quando os bons serranos vendo inconsistências

Nos projectos feitos, se erguem quais represas

Diante da serra, gerando insurgências
*


Mª João Brito de Sousa

06.06.2023 - 16.50h
***

 

5.
*

“Diante da serra, gerando insurgências”

Que a nossa revolta tem toda a razão

Contra o metediço que é como um ladrão

Bem acompanhado pelas “excelências”
*


Que pensam no lucro e suas apetências

Maltratando o povo sem ter atenção

Toda esta ruína e poluição

E todos bem sabem as consequências
*


Corja de políticos e associados

Só pensam no bolso não no ambiente

Permitem que os montes sejam esventrados
*


Por aventureiros e gente indecente

E metem aos bolsos imensos trocados

Desprezam o povo e a vida da gente
*

Custódio Montes

6.6.2023
***

6.
*

"Desprezam o povo e a vida da gente",

Só o lucro importa, não olham a meios

Pr`atingir os fins e nem medem receios,

Fundados embora, de quem lhes faz frente
*


Para defender esse meio ambiente

Que vão destruindo por estarem alheios

À voz revoltada do povo em anseios,

Que tem voz, o povo, e não fica indif`rente!
*


E a serena serra coberta de vida,

Imensa, impassível, não sonha sequer

Que possa, a ganância, sonhá-la rendida
*


Esventrada, estuprada qual pobre mulher

Que ao ser atacada morresse esvaída

Num charco do lítio que dizem conter...
*


Mª João Brito de Sousa

06.06.2023 - 21.00h
***
7.
*

“Num charco do lítio que dizem conter…”

Charco esse que é feito na sua lavagem

A montanha enorme fica sem imagem

E o lítio é lavado na água a correr
*


Mina a céu aberto dinamite a arder

Tudo isso metido dentro da barragem

O monte e a água sempre em desvantagem

Água inquinada que é para beber
*

 

Património agrícola que a FAO distinguiu

Para que a defesa do ecossistema

Fosse preservado e nunca se viu
*


Haver responsáveis que tenham por lema

Destruir a serra e que o mundo sentiu

Que ao se fazer isso é um grande problema
*

Custódio Montes

6.6.2023
***
8.
*

"Que ao se fazer isso é um grande problema"

Para o ser humano e pra todo o planeta

É um erro crasso, uma asneira completa,

Destruir, da serra, o ecossistema
*


Se o lucro comanda, será esse o lema

De quem quer, da serra, fazer a colecta

E a gente da "massa", de forma incorrecta,

Irá pô-la em risco sem que a ninguém tema...
*


Vós sois os que tendes de lhe resistir,

Passando a mensagem, formando barreiras,

Que unidos fareis a ganância ruir
*


Livrando essa serra das bestas matreiras

Que tudo farão para, enfim, conseguir

Conspurcar as águas de aldeias inteiras.
*


Mª João Brito de Sousa

06.06.2023 - 23.00h
***

9.
*

“Conspurcar as águas de aldeias inteiras”

Mas não só de aldeias também de cidades

Esse é o problema. Muitas entidades

Sabem que as notícias são bem verdadeiras
*


E mesmo assim dizem ser brincadeiras

Escondem do povo as promiscuidades

Que têm à volta e as cumplicidades

Nesta corrupção de todas as maneiras
*


Diz-se cá na terra que lá de Lisboa

Se servem de nós e pró interior

Não mandam riqueza nem vem coisa boa
*


Levam a riqueza, o que há de melhor

Quando chega o barco levam tudo à proa

Depois de deixarem o que há de pior
*

Custódio Montes

6.6.2023

***
10.
*

"Depois de deixarem o que há de pior"?

Se cá por Lisboa de mau fica tanto

Já não sei se o levam lá pró vosso canto

Se o guardam por cá para pôr e dispor,
*

 

Sempre que der jeito, de seja quem for

Que pregue a maldade vestido de santo,

Pois passa o corrupto, coberto c`o manto,

A fazer figura de grande senhor...
*


Bem sei que é por cá que o poder tem assento,

Mas vós, os nortenhos, julgais-vos cordeiros?

Eu tenho a certeza a cinquenta por cento
*


De que entre vós há e haverá caloteiros

E sem citar nomes, que à sorte eu não tento,

De norte a sul brotam discursos matreiros...
*


Mª João Brito de Sousa

07.06.2023 - 11.40h
***

11.
*

“De norte a sul brotam discursos matreiros…”

E quem é corrupto junta-se ao falar

No norte, no centro, no sul a bradar

Com os manda chuvas, com os caloteiros
*


Mas lá por Lisboa, no mando os primeiros

São os reis da máfia e do seu altar

Olham para os montes que vão assaltar

E com os autóctones, seus companheiros
*


Invadem baldios, esburacam montes

Poluem a água e com ar maldoso

Retiram do solo suas limpas fontes
*


Tiram a beleza ao monte formoso

Que fica sem vida, tolhem horizontes

Vai-se o património, degradam Barroso
*

Custódio Montes

7.6.2023
***

12.
*

" Vai-se o património, degradam Barroso"

Que, sim, tem razão em querer defender

Por ser essa a terra que viu ao nascer,

Seu berço primeiro, chão farto e viçoso
*

 

Que ao ficar na mira do que é poderoso

Será, tarde ou cedo, deitado a perder...

Não sei, meu amigo, que mais lhe dizer,

Nem que mais pensar desse gesto odioso
*

 

Mas cá por Oeiras, ou melhor, Cascais

Também está em risco um pequeno pinhal

Que irão derrubar para construir mais
*

 

E do meu pequeno pulmão florestal

Nada sobrará senão restos mortais,

Quando vitimado pelo mesmo mal...
*

 

Mª João Brito de Sousa

07.06.2023 - 14.30h
***

13.
*

“Quando vitimado pelo mesmo mal…”

Temos que lutar todos irmãmente

Para defendermos o meio ambiente

Conservar o monte a floresta o pinhal
*


Se o não fizermos temos a final

A terra queimada tudo à volta quente

Morrem as abelhas as aves a gente

E em todo o lado perigo mortal
*


Vivamos à moda dos nossos avós

Mantendo as fontes e toda a beleza

Com graça aprazível à volta de nós
*


Conservando o campo e a nossa devesa

Para que não fujam de modo veloz

E demos os braços pela natureza
*


Custódio Montes

7.7.2023
***

14.
*

"E demos os braços pela natureza"

Que há-de ser possível salvá-la conquanto

Parar o progresso condene o meu canto

Que eu não viveria sem el`, de certeza!
*


E agora lhe digo, com toda a franqueza,

Não ser o progresso que mata o encanto

Mas sim a vileza de quem pode tanto

Que só pensa em si e na sua riqueza!
*


Bem certo é que o rico1) bem pouco se importa

C`o mal que provoca. Não pensa na gente,

Destrói quanto entende e só nos suporta
*


Porque inda precisa do "pobre contente"

Que por quase nada lhe cuida da horta:

"O homem não pensa no meio ambiente"!
*

 

Mª João Brito de Sousa

07.06.2023 - 17.11h
***

 


1) Falo, como julgo ser óbvio, do homem obscenamente rico e das grandes empresas internacionais

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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