29
Jun20
O ESTRANHO CASO DO DESCONHECIDO QUE VEIO MORRER NO MEU SONHO
Maria João Brito de Sousa
O ESTRANHO CASO
DO DESCONHECIDO
QUE VEIO MORRER
NO MEU SONHO
*
*
Deitou-se nos meus braços naufragados,
Esboçou um gesto e sem mais reacção
Morreu-me neles, de dentes cerrados
Feito um fardo de carne, um peso vão,
*
Os olhos inda abertos, encovados
Nas órbitas de um rosto em convulsão
E os cabelos àsperos, suados,
Roçando a minha naufragada mão.
*
Quem era? Quem não era? Não sabia
E o cadáver não mais responderia
Por muito que eu ainda perguntasse
*
Porque é que no meu sonho falecia
Sem se dignar explicar por que o fazia
E sem sequer esperar que eu acordasse.
*
Maria João Brito de Sousa - 27.06.2020 - 19.09h