O DIA EM QUE O MAR TREMEU
O DIA EM QUE O MAR TREMEU
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"A vista embebe na amplidão das vagas"
A velha mãe do jovem pescador
Mas nada enxerga além de pranto, dor
E um mar que, de tão cru, criava garras
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Há quantos dias levantara amarras
E se fizera ao mar o seu amor,
O seu menino cheio do vigor
E da alegria própria das cigarras?
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Sobre esse areal branco o negro vulto
Confronta o mar num derradeiro insulto
Ao azul impassível que a roubara
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E, toda raiva e fúria, avança agora
Mordendo as águas onde o filho mora:
Pra quê esperar se a dor já a matara?
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Mª João Brito de Sousa
20.06.2022 - 13.45h
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Poema criado a partir do verso final do soneto MATER DOLOROSA de Gonçalves Crespo e inspirado pelas glosas feitas por Joaquim Sustelo ao mesmo texto poético.
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