02
Mar21
O BANQUETE DOS ABUTRES
Maria João Brito de Sousa
O BANQUETE DOS ABUTRES
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Quando os lençóis freáticos não freiam
O rumor das profundas incertezas
E as benditas dúvidas, ilesas,
Saltitam pelas mentes que incendeiam
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Enquanto novas dúvidas semeiam
No betão das comportas das represas
E exigem mais respostas sobre a mesas
Dos pobres que trabalham mas não ceiam,
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Acumulam, alguns, tantas riquezas
Quanta a miséria que os demais hasteiam
Nas bandeiras das lutas e das rezas
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Que assim que o vento sopra, ainda ondeiam;
Conquanto amordaçadas, cegas, presas,
Não esquecem os abutres que as rodeiam.
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Maria João Brito de Sousa - 01.02.2021 - 13.41h
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