NÓS, SONETISTAS
NÓS, SONETISTAS
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Cada vez somos menos e mais velhos,
Obreiros do soneto em português...
Mas nós que não vergámos os joelhos,
Que enfrentámos de pé cada revés
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Que só da Musa ouvimos os conselhos
Apesar da cegueira e da surdez
Dos que em nós nada vêem senão espelhos
Da sua (im)ponderada insensatez
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Nós que, como os demais, fomos passando
Para acabarmos não sabendo quando
Mas não sem darmos voz ao que vivemos
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Nós, os constantemente apaixonados,
Nós, que açoitámos deuses e mercados,
Nós, que partimos... Nós, que ficaremos!
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Mª João Brito de Sousa
20.10.2022 - 21.30h
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Ao poeta e sonetista José Manuel Cabrita Neves
In Memoriam
1943/2022
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