NEM CALDO FIADO, NEM MEL SEM SABOR!
NEM CALDO FIADO, NEM MEL SEM SABOR!
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(Soneto em verso hendecassilábico)
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Acima hei-de pôr a quem seu caldo entorne
De quem mesa adorne com ranço e bolor!
Sei bem que houve dor, uma dor enorme,
Complexa e disforme. Se inda havia amor...
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Mas sei, sei de cor, não haver quem contorne
Coisa tão conforme com formas de expor
A alma da flor que em todos nós dorme;
Que a dor se transforme em seja o que for!
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Falta-me propor que esse caldo entornado
Seja transformado em mancha incolor,
Não vá o odor denunciá-lo estragado...
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Está posto de lado. Se sobrar vigor,
Renova-se a flor sobre um caule inventado;
Nem caldo fiado, nem mel sem sabor!
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Maria João Brito de Sousa - 27.09.2020 - 13.22h
Imagem retirada daqui
Soneto inspirado numa ladainha rimada da Janita