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Mai24
NAS TUAS MÃOS - Reedição
Maria João Brito de Sousa
Fotografia de Abel Ferreira Simões
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NAS TUAS MÃOS
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Nas tuas mãos eu, ave, me confesso
E esvoaço e sucumbo e já rendida
Espero delas a graça de uma ermida
Onde a chama que sou não tenha preço
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Eu, ave, tudo entrego e nada peço:
Submeto-me à carícia pressentida
Nas asas da candura em mim escondida
Que tu não sonharias e eu nem meço...
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E que outra ave marinha ofertaria
Tão extrema e profundíssima alegria?
Que outra se te daria em seda pura?
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Às tuas mãos, quem mais se atreveria
A desvendar-lhes sede e fantasia
Para enchê-las de espanto e de ternura?
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Maria João Brito de Sousa
Maio 2007
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