NÃO TENDO EXISTÊNCIA, É PARTE DE MIM
NÃO TENDO EXISTÊNCIA, É PARTE DE MIM...
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Muito suavemente me sopra aos ouvidos
Bemóis, sustenidos de um verso emergente...
Sempre coerente, me inunda os sentidos
Tão desprevenidos quanto a minha mente.
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Impõe-se-me urgente, não quer desmentidos,
Veste os meus vestidos e, então, faz-me frente,
Assim, de repente, sem subentendidos,
Nem sangues vertidos por mão prepotente.
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É parte de mim, não tendo existência,
Mas traz-me a cadência de versos sem fim,
Pois é sempre assim, sem pudor, nem paciência,
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Que na sua ausência me murcha o jardim
E, nesse interim, fico em plena latência;
Não tendo existência, é parte de mim...
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Maria João Brito de Sousa – 12.08.2018 – 11.36h