NÃO ME PEÇAS PRA SER QUEM NÃO SOU
NÃO ME PEÇAS PRA SER QUEM NÃO SOU
*
Não me peças pra ser quem não sou,
Nem me colhas, de ramo enxertado,
Um só fruto dos frutos que dou
Sem que esteja tingido e dourado,
*
Tão maduro do sol que o dourou
Que se of`reça aos teus lábios, ousado,
Sem pôr culpas na mão que o cortou,
Nem remorsos por tê-la tentado.
*
Não me fales de sedes! Não cedo
A caprichos e sedes tão poucas;
De outra sede fecunda procedo
*
E se as sedes que trazes são loucas,
Também esta que cresce sem medo
Expressa as sedes de muitas mais bocas.
*
Maria João Brito de Sousa - 23.04.2016 - 22.09h
*
(Soneto em verso eneassilábico)
Imagem -"El Triunfo de la Revolución", Diego Rivera