NA RUA ONDE EU MORO
NA RUA ONDE EU MORO
*
"Na rua onde eu moro um piano a tocar"
Sem nunca abrandar o seu amargo choro,
Faz, se me enamoro, meus olhos chorar
Quando a soluçar com ele faço coro
*
E desponta um esporo sob a luz lunar
Pronto a enraizar no que é do meu foro
Sem qualquer decoro, sem sequer cuidar
De o remodular noutro espectro sonoro
*
Na rua onde eu moro, num piano inventado
Sem som, sem teclado, sem cauda nem banco,
Só ao sonho arranco notas de algum fado
*
Gemido e magoado ou álacre e franco
Mas sem dar-me o flanco se desafinado
O tiver deixado quando o alavanco...
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Mª João Brito de Sousa
29.03.2022 - 23.30h
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Soneto criado a partir do verso inicial (entre aspas) do poema homónimo de Márcia Aparecida Mancebo
in Horizontes da Poesia