MEU PINHEIRO MANSO, MEU FIGUINHO-LAMPO...
(Soneto em verso hendecassilábico)
Meu celeiro farto, meu pinheiro manso
Que choras se parto, calo ou me desdigo,
Meu pinheiro amigo, meu seguro abrigo
Onde, havendo p`rigo, me escondo e descanso
De um bulício antigo que nem sempre alcanço;
Porta sem postigo, falta sem castigo,
Figueira onde o figo sabe que o bendigo
Por ser só comigo que dança, se eu danço
Doce figo lampo que uma mãe-figueira
Me of`receu trigueira, lesta, rotineira
E que ao dar-se inteira se me foi tornando
Materno alimento, carne, irmã ceifeira
De espiga engendrada nesta fértil leira
Tão mais derradeira quão mais vai faltando.
Maria João Brito de Sousa - 12.03.2015
(Soneto em reedição, ligeiramente modificado - À minha morada)