MEMORANDO O GRANDE POETA E SONETISTA JOSÉ MANUEL CABRITA NEVES
MEMORANDO O GRANDE POETA E SONETISTA
JOSÉ MANUEL CABRITA NEVES
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EU FUI O SONHO
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Eu fui a ave desbravando o espaço,
Eu fui o grito ecoando ao vento,
Eu fui o mar sereno e o violento,
Eu fui o beijo, o afago e o abraço!
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Eu fui a eternidade e o momento,
Eu fui a caminhada passo a passo,
Eu fui a resistência e o cansaço,
Eu fui o desalento e o alento…
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Eu fui a meta e ponto de partida,
Eu fui a paz e a raiva enfurecida,
Eu fui o horizonte da verdade!
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Eu fui o amanhã da ilusão,
Eu fui o sonho desta geração,
Eu fui Democracia e Liberdade!...
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José Manuel Cabrita Neves
(1943-2022)
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E EU FUI...
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Eu fui a noite, quando o sol raiava,
Eu fui a cama de um quarto de lua,
Eu fui a pedra solta de uma rua,
Eu fui , em simultâneo, altiva e escrava...
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Eu fui esta torrente que me estua,
Eu fui este estuário em que me olhava,
Eu fui, do sol, a nuvem que o tapava,
Eu fui a que se veste e fica nua...
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Eu fui ninguém, quando era toda a gente,
Eu fui, de alguma forma, omnipresente,
Eu fui todos os versos que engendrei,
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Eu fui opaca, enquanto transparente,
Eu fui pedra, fui fogo e água corrente...
Eu fui exactamente o que sonhei!
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Mª João Brito de Sousa
11.11.2016 - 16.27h
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