04
Ago22
MATÉRIA-PRIMA - Reedição
Maria João Brito de Sousa
MATÉRIA-PRIMA
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Não são de prata fina, ouro-de-lei,
De jade, madre-pérola ou diamante,
Mas da lava insurrecta, inquietante,
Do verbo em que te deste, em que me dei,
*
Os versos, tantos quantos semeei
No torrão duma urgência, a cada instante
Da premência tão mais desconcertante,
Quão mais distante o tempo em que os plantei
*
Não colho o verbo frágil, rendilhado,
Trágico, maneirista ou delicado:
Quero o verbo que assuma o travo puro
*
Do fruto firme e doce ao ser trincado,
Da terra ao ser rasgada por arado
Ou do trigo dourado e já maduro.
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Maria João Brito de Sousa
21.04.3017 -16.35h
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(Reformulado)