06
Set23
MARÉS VIVAS
Maria João Brito de Sousa
MARÉS VIVAS
ou
"POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS"
*
Estava tão perto o mar e o nevoeiro
Tão espesso quanto um muro de cimento
Turbava-lhe a visão desse veleiro
Que, ligeiro, avançava contra o vento
*
Do mar sentia tão somente o cheiro
Que, do resto, tão só pressentimento
De velho e exp`rimentado marinheiro
Que de cor sabe as manhas deste tempo...
*
À Barca, quem a vê, quem a adivinha,
Se ela contra as marés ruma sozinha
E se, em silêncio, vai seguindo em frente?
*
Avança a dois milénios por segundo
Sem temer adernar, sem ir ao fundo,
Admirável, talvez... mas imprudente.
*
Mª João Brito de Sousa
06.09.2023 - 15.00h
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