26
Abr18
MÃO(S) II
Maria João Brito de Sousa
MÃO(S) II
A mão que molda o barro, ao barro torna
Pra que não falte barro às mãos por vir,
Pra que haja novas mãos a ressurgir,
Pra que varie o barro, ao tomar forma.
Abençoada a mão que foge à norma
E se recusa ao gesto de oprimir;
Abençoada a mão que resistir
Moldando o mesmo barro a que retorna.
Olho esta minha mão. A tua. A nossa.
Sei que há-de fazer tudo quanto possa
Pra que outras sobrevenham depois dela.
À minha mão velhinha, em tempos moça,
Já o tempo a descarna e a desossa
Sobre um barro que a fez menina e bela.
Maria João Brito de Sousa – 26.04.2018 – 15.02h