MÃO
(Soneto em decassílabo heróico)
A mão que esboça o verso, ampara a vida,
Transporta o saco cheio, amassa o pão,
Cava o torrão mais duro e, mesmo f`rida,
Prefere a dor sentida a não ser mão,
Renasce a cada causa antes perdida
E tece e fia e doba e faz questão
De, sobre a tela pronta e já tecida,
Lavrar, do próprio gesto, a criação.
A mão trabalha ainda, a mão persiste
E até quando algemada ela se agita;
Ou se livra da peia… ou lhe resiste!
Será por cada mão que não desiste
Que a força de que o mundo necessita
Justifica a razão que ao povo assiste!
Maria João Brito de Sousa – 29.01.2014 – 14.43h
"Cueva de las Manos" - Pintura Rupestre, Patagónia, Argentina