31
Ago18
JANGADA
Maria João Brito de Sousa
JANGADA
*
Olhei-te em tempo incerto, à hora errada;
Inda o dia tardava a despontar,
Já eu te olhava como se esse olhar
Pudesse dar-te tudo, sem ter nada.
*
Olhei-te nesse alvor de madrugada,
De manhã, à tardinha e, ao deitar,
Já esquecera que havia todo um mar
Ao qual eu prometera uma jangada.
*
Para te olhar, desconstruí-me inteira
E esqueci-me do mar, que nem ribeira
Cheguei a ser, sem vagas, nem marés...
*
Nessa jangada nunca mais pensei,
Se não quando de olhar-te me cansei
E vi que a tinha inteira sob os pés.
*
Maria João Brito de Sousa – 11.08.2018 – 12.19h