"IMAGINE"
IMAGINE
*
Imagine-se a dor da companheira,
Da mãe que o concebeu, da sua irmã,
A angústia da família, toda inteira,
Que foi vê-lo partir nessa manhã,
*
Imagine-se a bela cigarreira
De que Pessoa fala, intacta e vã,
Caída mesmo ali, à sua beira,
Como um grito de paz na terra chã.
*
Imagine-se o todo, em pormenor;
A surpresa, a revolta, o espanto, a dor
E o buraco negro que os sucede
*
Imagine medir, se capaz for,
A grandeza, o tamanho desse horror
Que eu tenho para mim que se não mede...
*
Maria João Brito de Sousa – 16.04.2018 – 13.11h
*
NOTA - Na sequência da leitura de um poema homónimo de António Manuel Esteves Henriques