02
Mai22
ILHA DESERTA
Maria João Brito de Sousa
ILHA DESERTA
*
Muito cedo perdi uma safena
E, lentamente, a outra foi morrendo,
Mas nunca me rendi que, pena a pena,
Todas as minhas penas fui vencendo...
*
Tinha cabelos negros, pele morena
E centelhas nos olhos que ao loendro
Venciam em candura... ou à açucena
E até às rosas que não fui (es)colhendo...
*
Tenho, hoje, o corpo inteiro em derrocada,
Sou uma ilhota velha e desolada
Que atentamente assiste ao próprio fim
*
E, retardando o último suspiro,
Vou rindo do destroço em que me miro
Até que o Tempo(ral) me vença a mim!
*
Mª João Brito de Sousa
01.05.2022 - 15.10h
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